30 dezembro 2013

1Q84 (vol.1) - Haruki Murakami (2009)

Será que as trilogias sempre estiveram na moda e eu é que andava distraída? Apercebi-me ontem que os próximos livros que gostava de ler fazem todos parte de alguma trilogia o que me assusta um pouco... quando é que irei conseguir terminá-las? 

Mas passando ao que interessa - Murakami. Nem consigo destrinçar o porquê de gostar tanto da escrita dele ainda mais com a sensação de incompletude com que o final de um primeiro volume nos deixa. Acho que tem o condão nos fazer sentir próximos de mundos que à partida nada tinham a ver connosco. 

"É certo e sabido que, se uma pessoa tivesse de aceitar o tempo que passou, de forma uniforme, pela ordem certa, os seus nervos não aguentariam a pressão. Tengo acreditava que uma vida assim constituiria uma perfeita tortura." (pág.436) 

Quanto à história em si, fala-nos de Tengo, de Amoame, de infâncias traumáticas, de relacionamentos talvez pouco usais, de apatia e, claro, o surrealismo sempre presente.

"O que significa para uma pessoa ser livre?, perguntava-se muitas vezes. Mesmo que a pessoa consiga fugir de uma gaiola, não dará consigo numa gaiola maior?" (pág.304)

"A matemática proporcionava a Tengo um eficaz meio de evasão. Ao procurar esconder-se no mundo das fórmulas, podia escapar da complexa prisão que a realidade representava." (pág.293)

Talvez tivesse sido mais interessante começar por ler o 1984 do George Orwell, mas terá de ficar para depois. Fica a dica para alguém interessado e já agora mais algumas referências que surgem ao longo do livro que dava jeito conhecer:

  • A sinfonieta - Janácek
  • O Cravo bem temperado - Bach
  • Horizontes de Glória - Kubrick
  • A ilha de Sacalina - Tchékhov

12 agosto 2013

Inferno - Dan Brown (2013)

O prazer que me dá começar o Verão com um novo livro do Dan Brown!
Sim, é sempre a mesma coisa. Sim, não é nenhum génio literário. Sim, blábláblá. Quero lá saber! É viciante e leva-nos a viajar a uma velocidade alucinante. Com que outros livros me ponho grudada ao Google a pesquisar todas as referências que surgem no enredo? Se ganhasse o euromilhões partia de imediato para Florença, Veneza e Istambul para cuscar tudo.

Além das cidades, pintores e monumentos escolhidos, gostei do tema central que motivou algumas conversas interessantes com amigos.
Já o imagino a escrever o próximo thriller inspirado em Lisboa, revelando segredos milenares desde sempre escondidos nos claustros dos Jerónimos e com uma miúda gira do Centro Champalimaud  a ajudar o Robert Landgon.

Gosto também dos pequenos "doces" com que Brown presenteia os seus leitores e questiono-me se muitos me terão escapado por entre tantas estrelas.

09 agosto 2013

A Viúva Grávida - História Interior - Martin Amis (2010)

Não sei porque raio é que demorei tanto tempo a escrever sobre este livro já que acabei de o ler há mais de um mês. Também não sei bem se gostei ou não. Por isso, como estão a ver, não vai ser fácil.

Isto foi o que eu escrevi sobre "A Viúva Grávida", quando o comecei a ler, em Agosto de 2012:
"Bastou-me ler o primeiro capítulo para me deslumbrar com a escrita de Martin Amis. Tenho de me render às evidências de ele ser um génio literário atual."

Pois bem, passadas mais de 500 páginas, tenho dúvidas sobre a frase anterior. É verdade que no início gostei muito do livro, achei piada à forma "precoce" como o autor gosta de descrever uma dada situação, não me cansei de o ler (apesar de ter feito pausas enormes) mas no fim estava completamente irritada, com a sensação de que metade do ambiente me passou ao lado. 

E para não sofrer mais com este exercício cansativo em tentar perceber o significado deste livro para mim, deixo-vos com umas linhas, para ver se vos seduz, ou não:
"... Ele adquirira uma certa compreensão disso, por esta altura - desta coisa de nos atirarmos às raparigas. Estava-se a sós num quarto com a desejada. E então formavam-se dois futuros.
O primeiro futuro, o futuro da inércia e da inacção, já era grosseiramente familiar: era tal e qual como o presente. Era o diabo que já se conhecia.
O segundo futuro era o diabo acerca do qual nada se sabia. E era um gigante, com pernas da altura de campanários, e braços da grossura de mastros, e olhos que fuzilavam e queimavam como horrendas jóias.
Era o nosso corpo que decidia. E ele estava sempre a aguardar as suas instruções. Sobre o tapete espesso ele sentava-se com a desejada,  quando cada jogo atingia o seu clímax punham-se os dois de joelhos, com os rostos somente separados pelo hálito." (p.163)

03 abril 2013

Quem matou Palomino Molero? - Mario Vargas Llosa (1986)

Surpreendo-me com o facto de já terem passado dois anos desde que li o "Travessuras da Menina Má". Mas pronto, confirma-se que sou fã do Llosa e planeio ler em "breve" toda a sua obra, começando pelo "Lituma nos Andes" já que me parece ser uma continuação deste. É também uma confirmação que os escritores sul-americanos são muito o meu estilo. Aprecio! - já diria a minha mãe :)
 
Apetece-me rumar para sul, à procura de um Perú que até há pouco não me suscitava interesse, sentar-me num boteco qualquer, protegendo-me de um sol abrasador, beber um refresco e ficar simplesmente a ver o tempo passar.
 
Provavelmente é um lugar comum compará-lo com o Gabriel G. Márquez e, tendo em conta que em adolescente li tudo o que encontrei do colombiano, inevitalmente lembro-me várias vezes dessa época e este livro em particular lembrou-me o "Crónica de uma Morte Anunciada", para mim o mais genial do GGM.
 
"Claro que ando inquieto. Mas eu disfarço, a mim não se me nota. Tu, em contrapartida, tens  uma cara que dá pena. Parece que, cada vez que uma mosca arrota, te cagas nas calças." (P.123)

29 março 2013

A Morte em Veneza - Thomas Mann (1912)

 "A solidão é propícia ao original, ao estranhamento e ousadia do belo, à poesia. Mas gera também o perverso, o monstruoso, o absurdo e o ilícito." (pág.40)
 
A lembrar amores platónicos obsessivos que moldaram algumas épocas. Fala da busca incessante da perfeição, da beleza, numa ânsia vertiginosa que nos lança num abismo de irracionalidade, culminando, neste caso, na morte.

Texto maioritariamente filosófico, rápido de ler, e que deixa em nós saudade de uma Veneza não experimentada, melancólica, nefasta, mas não sei porquê apelativa.

Na próxima segunda-feira o filme do Visconti passa na TCM e eu não vou perder.