31 março 2011

5º Aniversário

28 livros em 5 anos... podia ter sido melhor, mas a verdade é que continuo a fazer um balanço positivo desta experiência, deste espaço onde me "obrigo" a reflectir, de uma forma mais séria, nos livros que acabei de ler e a praticar a escrita, essa eterna necessidade e obsessão. Era bom que hoje tivesse terminado algum livro mas tal não aconteceu, sendo assim, e por hoje ser dia de festa, deixo-vos com a última coisa de jeito que escrevi, já lá vão 4 anos :(

Colisão

No momento certo de uma distracção invulgar
foi fácil para a ironia nos encontrar
onde os contratempos dos nossos passatempos
finalmente se cruzaram inesperadamente.

Não te ouvi travar.
O ruído de um passado silencioso ensurdeceu-me.

Nos segundos pousava apenas uma mão queimada
que escondia a cobardia da mentira
que roubava coragem à verdade desse instante.
Nas horas sinto apenas o teu cheiro.

Não te vi fazer sinal de luzes.
O brilho de um presente renegado cegou-me.

Flutuo na leveza da realidade não vivida
bebo do vazio que sempre existiu
do desejo louco do equilíbrio torto
da eterna sedução da rotina sempre à mão.

Encontrámo-nos numa curva
quando ambos preferimos rectas.

E agora resta o teu abraço em forma de poema
quando já me afasto em pezinhos de lã
no momento certo de uma distracção vulgar
para a dor da tua ausência não acordar.

T - 24-03-2007

07 março 2011

Matteo perdeu o emprego - Gonçalo M. Tavares (2010)


Quem preconizou que eu ia gostar deste livro, acertou em cheio! Palavras para quê? O homem é um artista. A todos os que leram Jerusalém e gostaram, aconselho vivamente a pegarem neste livro e a devorarem-no numa bela tarde soalheira de Inverno.
Apetece-me ler GMT até enjoar. No 3º capítulo entendi a lógica dos nomes, preocupada em como os ia decorar, e fiquei contente como uma miúda, quando provavelmente a maioria descobriu isto mais cedo (bastaria olhar com atenção a contra-capa).
As fotos de manequins dos anos 80 são macabras e inicialmente deixaram-me bastante desconfortável, mas com o tempo fui-me habituando e passaram a ser um apoio curioso no reconhecimento dos personagens. É um livro sobre lixo, prostitutas, ordem vs caos, racionalidade vs loucura. Continua a ser evidente um certo gosto do GMT pela Matemática talvez para servir de porta-estandarte para a racionalidade. Achei piada à analogia geométrica feita pelo próprio autor, relativamente a esta obra, quando já eu tinha tentado fazer algo semelhante em relação ao Jerusalém, aqui neste blog, há uns tempinhos atrás. Espero viver tempo suficiente para o ver ganhar o Nobel.

"O controlo, sempre essa ansiedade." (p.189)

E para me pôr a explorar as funcionalidades de um site recomendado por uma amiga, aqui fica o meu esquema de popplets, relativo ao encadeamento das personagens deste livro... uma pequena brincadeira.