12 agosto 2006

Jerusalém - Gonçalo M. Tavares

Já há algum tempo que queria ler este livro por ter ouvido alguém dizer que era o melhor livro português de 2005. Quando há duas semanas procurava uma prenda para oferecer a uma amiga - que é das poucas que comenta neste blog - encontrei-o sem querer, a um preço reduzido num hipermercado (porreiro!!), e resolvi comprar dois exemplares: um para oferecer e outro para ler.
Têm-me perguntado diversas vezes se o livro é sobre a cidade de Jerusalém e para falar a verdade não faço a mínima ideia onde é que é passada a acção da narrativa, mas acontece que a única vez que esta palavra vem mencionada ao longo de todo o livro é na página 170, com a frase:

Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque a minha mão direita.

Leiam o livro e depois tirem as vossas conclusões quanto ao título.
Para mim esta narrativa é quase como um ensaio sobre o velho ditado "De louco todos temos um pouco". É um livro sobre várias personagens, por ventura todas loucas à sua maneira, e não tanto um enredo entre elas. Por esta razão acredito que muitos não irão gostar do género. Eu gostei porque acabo por ter sempre um fascínio por murros fortes no estômago e este é sem dúvida um livro negro, que faz jus à capa. Vejo este Livro Preto (assim é chamada a colecção onde se insere) como uma enorme corrente fechada em que cada capítulo é um anel. Provavelmente esta estrutura circular é para nos deixar tontos e também nós loucos um pouco - se é que já não o somos.
Como já vem sendo hábito, deixo-vos com uma das passagens da obra que mais gostei, que me fez lembrar muitos dos pesadelos que tenho:

Porque havia sempre a sensação de que o homem que persegue, persegue individualmente; marcou-nos algures com uma marca imperceptível e não nos larga; e quase tão terrível como não nos deixar de perseguir é o facto de não nos conseguir agarrar.

09 agosto 2006

A história do Senhor Sommer - Patrick Suskind

À semelhança do livro do Jorge Amado, este também é óptimo para se ler numa bela tarde de praia. Mais sóbrio e consistente, este é um livro que faz recordar episódios de infância que teimosamente não esquecemos e, sem se saber muito bem porquê, marcam-nos eternamente. Tal como nunca me esqueci que uma vez fui para a aula de música só com uma meia calçada e a outra no bolso, agora não me esquecerei do episódio da ranhoca na tecla do fá sustenido :)