22 julho 2006

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Jorge Amado

Que bela ideia eu tive hoje! Quando a minha mãe me arrastou até à praia, nesta tarde de Sábado soalheira, arrastei comigo uma pequeníssima GRANDE preciosidade: a edição de bolso da Dom Quixote do livro “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – uma história de amor” de Jorge Amado, prenda de aniversário, oferecida para comemorar os meus 26 aninhos (obrigada Pedro). Aconselho vivamente a quem ainda não leu esta história, e não sabe que livro levar para empatar o tempo que vai passar estendido numa toalha, a carregar consigo este peso-pluma. Não incomoda nada, lê-se num instante e faz bem à alma.
Esta história fez-me sorrir constantemente e despertou em mim sensações puras, quase infantis, muito familiares, mas praticamente esquecidas. Terminei de ler o livro com um nó na garganta (ou um peso no coração – nunca sei distinguir muito bem) mas fechei-o com aquela ilusãozinha que a vida é bela e amarela.
Ao tentar escolher uma frase que exemplifique a beleza e doçura deste livro arrisco-me a transcrever a história por completo, mas aqui fica uma pequena pérola da primeira parte do livro:

Vestida de luz branca com salpicos de flores azuis e vermelhas, a Manhã atravessa por entre as nuvens, distraída, pensativa, reflectindo sobre o caso que o Vento viera de lhe contar.

Por vezes, o sorriso constante gerado pela leitura da história, transformava-se mesmo numa gargalhada muda (estava no meio de muita gente – quem vai a Carcavelos ao fim de semana sabe como é, temos que deixar o território marcado com a toalha quando vamos à água, senão arriscamo-nos a passar o resto da tarde a trabalhar para o bronze de pé). Bem, mas dizia eu que também me ri ao longo desta história. Aqui fica mais um pequeno trecho:

Além de mau e feio, o Gato Malhado era um pobre de Job; repousava a cabeça em cima dos braços. Sendo de pouco luxo, não reclamava. Falta sentia de outras coisas: de afeição, de carinho e de salsichas vienenses.

Resta dizer que a última ilustração do Gato Malhado ajudou em muito ao desenvolvimento do nó na minha garganta.

17 julho 2006

Dias Exemplares - Michael Cunningham

Quarto livro publicado em Portugal de um escritor que eu muito admiro. Os livros são sempre muito bem escritos e emocionalmente fortes. Geralmente leio os livros dele de uma rajada só, mas neste, infelizmente, tive que fazer uma pausa. Li as duas primeiras histórias no início deste ano (Janeiro) e guardei a futurista para agora. Se o Auster não se tivesse adiantado, bem que este livro poderia chamar-se Trilogia de Nova Iorque (a meu ver o título seria bem mais adequado). A qualidade de escrita não me desilude, a criatividade surpreende-me, mas já quanto à profundidade deixa um pouco a desejar. O meu favorito dele continua a ser Sangue do meu Sangue.